O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu alterações em pontos do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Após reunião com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no Palácio do Planalto, ontem (30), os dois líderes participaram de uma entrevista coletiva e abordaram diversos assuntos da agenda bilateral.
"Vamos trabalhar de forma muito dura. Alguma coisa tem que ser mudada. Não pode ser feito tal como está lá", destacou Lula, ao ser questionado sobre o avanço do acordo.
"Uma coisa que, para nós, é muito cara são [as] compras governamentais. Em um país em desenvolvimento, como o Brasil, compras governamentais são uma forma de você fazer crescer pequenas e médias empresas. Se a gente abre mão disso, a gente está jogando fora a oportunidade das nossas pequenas e médias empresas crescerem. Obviamente, nós vamos sentar à mesa da forma mais aberta possível. O meio termo é você melhorar algo para aqueles que [se] sentem prejudicados", disse o presidente. Mesmo assim, Lula prometeu fechar o acordo em cerca de seis meses. "Até o fim deste semestre, é nossa ideia de tentar encaminhar e discutir outros assuntos", afirmou.
Negociado por mais de 20 anos, o acordo UE-Mercosul teve um anúncio de conclusão geral em 2019, mas ainda há um longo caminho pela frente para sua efetiva entrada em vigor. Isso porque o tratado precisa ser ratificado e internalizado por cada um dos Estados integrantes de ambos os blocos econômicos. Na prática, significa que o acordo terá que ser aprovado pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, uma tramitação que levará anos e poderá enfrentar resistências.
Do lado alemão, Scholz também defendeu um avanço rápido do acordo e elogiou a "energia do presidente" Lula para tentar concluir os termos em poucos meses. O líder alemão citou a presença de mais de mil empresas no Brasil e disse que pretende fazer esse número crescer ainda mais.
"O presidente Lula e eu concordamos que o acordo UE e Mercosul é do interesse de ambas as regiões e ambos queremos que haja uma rápida definição nessa questão. O acordo deve preparar o caminho para a transformação das nossas economias, fortalecer a cooperação tecnológica, ambiental, climática e elevar o padrão em termos trabalhistas e sociais", afirmou.
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