Durante duas semanas, Natal irá receber uma série de ações da residência artística internacional “Dunas – Territórios de criação colaborativa”. O principal palco desse encontro inédito, entre criadores de Burkina Faso, Espanha e Brasil, será o Parque das Dunas. A programação acontece de 14 a 26 de agosto.
A residência vai oferecer diversas oportunidades de interação entre os artistas convidados e o público, explorando as áreas interligadas de arte contemporânea, música, natureza e saberes tradicionais. Palestras, oficinas, rodas de conversas, mostra de vídeos, além da experiência de criação conjunta por meio da residência artística estão programadas.
De Burkina Faso, país da África Ocidental, vem a capital potiguar para a residência, através da parceria com a Ba-kô Burkina Brasil, o ator e promotor cultural burkinabé François Moïse Bamba, uma ponte cultural e artística criada pelo contador de histórias. Ele estará acompanhado da artista multidisciplinar, cantora e compositora Laura Tamiana, paulistana radicada em Recife. Os dois, que já vêm trabalhando em parceria com ações entre seus países desde 2017, participarão da residência como artistas convidados e estarão juntos também de Konomba Traoré, reconhecido como tesouro vivo pela arte do balafon, músico multi-instrumentista e luthier, uma personalidade de referência nas tradições de Burkina Faso.
Completam o encontro artístico, Josep Cerdá, artista sonoro e diretor de mestrado de arte sonora da Universidade de Barcelona, na Espanha; o pernambucano Helder Vasconcelos, músico, ator, dançarino e um dos formadores do grupo musical Mestre Ambrósio; e do Rio Grande do Norte, Maurício Panella, escultor, artista multimídia e antropólogo. A curadoria do grupo ficou a cargo de Maurício Panella e María Eugenia Salcedo, pesquisadora da área de museus, arte contemporânea e cultura.
Durante os 15 dias da residência Dunas, os artistas convidados irão criar no Parque das Dunas experimentos sonoros inspirados em instrumentos tradicionais de várias regiões do mundo que utilizam madeira como matéria prima.
A residência foi idealizada durante a pandemia, em 2020, através de contatos virtuais entre Maurício Panella e os profissionais com passagem pelo Instituto Inhotim, em Minas Gerais, Carlos Mineiro, Sandra Paula de Lúcia e Maria Eugenia Salcedo Repoles. “Estávamos executando o programa museal Jornada no Bosque, no Parque das Dunas, com ações criativas voltadas para cura através da natureza, com estímulos de regeneração nas pessoas e percebemos que essa discussão poderia ser ampliada para além das fronteiras do Rio Grande do Norte”, conta Maurício.
A escolha do Parque das Dunas como sede da residência tem a ver ainda com a ideia de se expandir as ações do Jornada no Bosque no espaço. “Nossa ideia é tornar o bosque uma referência de arte contemporânea, para que o público perceba que o parque é também um museu a céu aberto. A ação foi muito incentivada também por uma visita a Inhotim, que fiz junto da gestora do Parque das Dunas, Mary Sorage, e Rafael Laia, que na ocasião era coordenador do núcleo das unidades de conservação”, explicou Maurício Panella.
A residência artística “Dunas – Territórios de criação colaborativa” é um projeto apresentado pelo Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura com patrocínio da Ticket Log e Edenred Brasil. Conta com apoio do Governo do RN, Idema, Parque das Dunas, Fundação José Augusto, Ba-kô Burkina Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Instituto Ágora, Departamento de Artes da UFRN (DEART), Departamento de Comunicação da UFRN (DECOM) e Pró-Reitoria de Extensão da UFRN (PROEX). A produção é do programa museal Jornada no Bosque e do Instituto e Estúdio Casadágua.
PALESTRAS E OFICINAS
Entre as oficinas, já com inscrições abertas, estão “Arte Sonora: Construção de cabeças binaurais”, por Josep Cerdá (ES); “Balafon e a tradição oral de Burkina Faso”, ministrada por Konomba Traoré e François Moïse Bamba (BF). O evento terá ainda as oficinas “Pulso-presença”, que será ministrada por Helder Vasconcelos (BR) e “Fluxos criativos – a natureza das nossas criações”, com Laura Tamiana (BR), que abrem inscrições a partir de 10 de agosto.
Também estão previstas na programação, palestras e rodas de conversa sobre arte sonora; arte e paisagem; tradições em diálogo e diversidade cultural, que acontecem no auditório do Instituto Ágora, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentações culturais com cortejos pelo Parque das Dunas irão celebrar os 20 anos de criação da escultura Casa Mãe Terra, com a participação no dia 19 de agosto da Nação Zamberacatu e dia 26 com Helder Vasconcelos. Completam a programação, dois momentos de contação de história e música, reunindo Konomba Traoré, François Moïse Bamba e Laura Tamiana (Ba-kô Burkina Brasil).
O evento contará ainda com uma mostra audiovisual com filmes da primeira rede de cineastas mulheres indígenas do Brasil, projeto coordenado pelo Instituto Catitu. Mari Corrêa, diretora do Instituto, participa do evento e de um bate-papo com o público. Também será realizado um dia de mostra com produções potiguares
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