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Estudo revela que a falta de regulamentação no setor tem acentuado tensões entre o progresso e a preservação do meio ambiente.

Cidades

21/08/2024

Pesquisa investiga como os parques eólicos afetam a população de Mato Grande

A região de Mato Grande, no Rio Grande do Norte, conhecida por seu potencial energético, está há 15 anos convivendo com as transformações provocadas pela instalação de parques eólicos. Embora a promessa de progresso e energia limpa tenha sido amplamente divulgada, os moradores locais enfrentam uma realidade marcada por desafios sociais, ambientais e econômicos.

Uma pesquisa liderada pelos professores Járvis Campos e Mozart Fazito, intitulada “Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética: análise espacial e intraurbana dos impactos da produção eólica na Região de Mato Grande-RN”, investiga esses impactos. O estudo, que analisa as consequências da expansão acelerada das usinas eólicas nos 17 municípios da região, revela que a falta de regulamentação no setor tem acentuado tensões entre o progresso e a preservação do meio ambiente.

Os moradores relatam frustrações com promessas não cumpridas, como a criação de empregos e a capacitação profissional. “As eólicas chegaram prometendo emprego e capacitação, tudo ilusão. O pior de tudo é conviver com o sentimento de descaso”, afirmou um residente de Guamaré. Além disso, os efeitos da proximidade das turbinas, como ruídos constantes, sombras e explosões, têm impactado a pecuária e a saúde mental das comunidades locais.

O turismo, outra fonte de renda importante para a região, também tem sido afetado. “Perdemos dunas, lagoas, nossas áreas de lazer”, lamenta um representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parazinho. No entanto, para o professor Mozart Fazito, é possível conciliar a presença dos parques eólicos com o desenvolvimento turístico, desde que haja uma regulamentação adequada.

Por outro lado, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEÉOLICAS) defende que os parques contribuem para o desenvolvimento local, diminuindo a emissão de gases do efeito estufa e reduzindo a dependência de fontes não renováveis, além de promover o crescimento da renda nas cidades que os abrigam.

O estudo também evidencia a necessidade de um marco regulatório que garanta a distribuição equilibrada dos benefícios gerados pelos parques eólicos. “A energia eólica causa diversos impactos, e este cenário é reflexo da ausência de um marco regulatório para o setor. O que se discute é qual o melhor formato que atenda aos diferentes setores econômicos e da sociedade civil, na busca por um desenvolvimento sustentável”, pontua o professor Járvis Campos.

Os resultados da pesquisa foram apresentados no Fórum Nacional Eólico, realizado em 14 de agosto, onde especialistas e representantes do setor discutiram a necessidade de revisar os instrumentos legais que regulamentam a atividade eólica no Brasil. A pesquisa do professor Járvis Campos agora compõe a agenda prioritária do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE).

*Com informações da UFRN

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