A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou posição contrária ao pedido para levantar o sigilo das supostas conversas entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao menos um empresário bolsonarista de um grupo que foi alvo de operação da Polícia Federal na semana passada por suspeita de apologia de um golpe de Estado.
O pedido para tornar as conversas públicas foi feito pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede), Renan Calheiros (MDB), Humberto Costa (PT) e Fabiano Contarato (PT). Eles cobraram o "escrutínio social e amplo das reais intenções de determinadas autoridades federais".
A existência de conversas entre Aras e pelo menos um empresário alvo da ação da semana passada foi revelada pelo Jota. Conforme o site, Aras, que acumula a PGR com a Procuradoria-Geral Eleitoral, trocou mensagens com Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa, de quem é amigo. A interlocutores, o procurador-geral disse que estava "tranquilo", pois os diálogos com Nigri foram "triviais" e tratavam de livros, obras de arte e vinhos.
A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço direito de Aras, afirmou em sua manifestação que os senadores estão tentando se "autopromover" em "pleno período eleitoral". "Constantes e reiteradas petições de agentes políticos no Supremo Tribunal Federal têm se afigurado como estratagemas para possíveis intenções midiáticas daqueles que, cada vez mais, endereçam pedidos abusivos e descabidos à Suprema Corte e, ainda, chicana nas redes sociais, confessando o esquema", criticou Lindôra.
Ela argumentou, ainda, que os senadores não têm legitimidade para pedir acesso a informações sigilosas. Lindôra também acusa os parlamentares de tentar avançar sobre prerrogativas exclusivas dos órgãos de investigação.
O Estadão mostrou ontem que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas bancárias dos empresários atendendo a um pedido de Randolfe - a PF não fez a solicitação.
Fonte: Estadão Conteúdo
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