Minha vida foi alicerçada na educação. Quem me concebeu era professora.
Na infância, como muitas crianças, eu brincava de ser professora. Mais adiante, tive várias professoras e professoras inesquecíveis. Lembro de todos ou de quase todos. Gostaria, como forma de homenagem, de citar alguns deles.
No Duque de Caxias, estudei o antigo primário (hoje correspondente aos Anos iniciais do Ensino fundamental). Fui aluna de tia Mônica, tia Denise (das Poininhas), tia Socorro de Gerôncio e tia Navegante Justo.
Até que, num esforço hercúleo, Mainha me colocou no Ressurreição, escola de gente “de condições” à época.
Trabalhando como auxiliar de enfermagem e complementando a renda com costuras e cortes de cabelo, lá fui eu para a nova escola. Nunca esqueci o dia em que Mainha comprou meus livros na Livraria do estudante, do querido Ricardo (amigo que tem um espaço no meu coração). Eu li todos os textos do livro didático de Língua portuguesa, ao mesmo tempo em que cheirava as páginas novinhas.
Até então, eu não me lembro de ter tido livros só meus: aqueles eram os primeiros.
Poderia falar de outros aspectos nada coloridos da minha trajetória de estudante. Contudo, vou me ater à parte bacana do convívio com os mestres, os quais enumero a seguir:
Francineide Veloso, minha professora de Língua portuguesa na antiga 5ª série, Ana Santos (querida professora, à época, de OSPB ou EMC), sempre muito cosmopolita numa cidade de interior. Até hoje nutro muito afeto por você, Ana. Emanuel (um simpático e benevolente professor de Inglês). Ivan Sales, com quem tanto aprendi e que já tratava conosco de temas como alienação, consciência social (era professor de História). Estávamos na 6ª série, ainda, mas ele já nos falava de filmes como “O nome da rosa” e “Olga”. Sem dúvida, hoje seria acusado de doutrinador. Obrigada, Ivan, por nos abrir a mente tão cedo.
Robinson foi um ícone na minha educação. Primeiro, como professor de Inglês e, depois, de Matemática (ou seria o contrário?). Nossa relação ultrapassou o espaço da sala de aula e virou uma espécie de tio e sobrinha. Ele nos levava para passear a bordo do seu Chevette, nos dava lanches “chiques”, aconselhava, dava broncas de olhos bem arregalados e, principalmente, muito afeto. Não sei por onde anda hoje, mas sei que faz morada nas minhas lembranças para sempre.
Ailton foi meu professor de Geografia. Hoje professor do IFRN, me ensinou sobre a Perestroika e a Glasnost. Jamais esqueci essas aulas. Obrigada, Aílton, você foi essencial na minha formação e na minha predileção pelas ciências humanas.
Vando, professor de Língua portuguesa. Faltam adjetivos para atribuir-lhe qualidades. Amigo, paciente, inteligente. Um verdadeiro educador. Em meio às orações coordenadas e subordinadas, nos explicava como o futebol é mágico e entorpecente das mentes, ao mesmo tempo. Fazia questão de levar textos que nos fizessem pensar além do explícito. Lembro-me perfeitamente das suas aulas, numa sala em que havia um pé de árvore ao lado. Querido professor Vando, que orgulho tenho de ter sido sua aluna. Tento, minimamente, como professora de Português que também sou, contribuir de alguma maneira com a formação dos meus alunos. Você foi parte essencial na minha trajetória de estudante.
Dona Eunice, uma figura da Biologia, que nos fazia entender as diferenças entre briófitas e pteridófitas. Muito exigente, em dia de provas, ficava de óculos escuros na sala de aula, a fim de impedir nossas travessuras e colas. Obrigada, D. Eunice. Firme, comprometida, uma grande professora.
Teresa Cristina Torres, professora da antiga “Educação artística”. Com ela, aprendi sobre as cores primárias e secundárias. Elegante, educada, amiga, nos deixou recentemente, indo morar na eternidade.
Poderia, ainda, falar dos meus professores do 2º grau (hoje Ensino médio), que cursei no CEIMH. Foram muitos, não consigo falar de todos. Destaco alguns:
Dedeca, amigo desde criança, engraçado, espirituoso, excelente professor de Física e Matemática: um querido. Erivan, simpático e generoso professor de Matemática. O pouco que aprendi de cálculos devo à sua benevolência e seu jeito amoroso de ensinar. Gratidão, Erivan.
Haroldo Martins, sobrinho do meu amado Raimundo Andrade. Até hoje, nutro grande carinho e admiração por Haroldo.
Professora Francy (professora de Ciências e, mais tarde, de Língua portuguesa). Um exemplo de pessoa e profissional. Sempre à frente, muito inteligente e cheia de amor-próprio. Querida Francy, muito do que sou hoje como professora devo a você e a Vando. Obrigada, obrigada.
Walter Peixoto, simpático professor de Física. Foi meu professor durante um ano somente, o suficiente para estar na galeria dos professores queridos.
Tive muitos outros professores, dos quais não me recordo agora. Ubiratan, Antônio Gerôncio, Teixeira, Cândido, Gorete da Tenente Victor, Socorro (Ensino Religioso). Foram muitos e muito importantes.
Como se vê, nem só de bullying foi minha trajetória escolar. Coube a esses queridos professores e professoras aliviar esse caminho. Por isso, eles permanecem para sempre na gaveta das minhas mais preciosas lembranças.
A professora que me tornei agradece a vocês.
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