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Opinião

15/09/2022

Corrida contra a rejeição

Em ano de eleição é assim: as pesquisas mexem com corações e mentes. Quem está na frente, comemora — muito mais, se estiver com margem folgada. Quem está atrás, protesta — e normalmente parte para desqualificar, semeando desconfianças sobre os institutos por supostamente não mostrarem a popularidade que os insatisfeitos se atribuem. 

Há, porém, um dado que chama menos a atenção das pessoas em geral, e que é tão importante quanto os índices de votos, ao menos como termômetro do humor do eleitorado. 

Está se falando aqui dos índices de rejeição.

Esse aspecto poucas vezes esteve tão claro quanto na corrida presidencial deste ano. Ao mesmo tempo em que polarizam todas as preferências e paixões, Jair Bolsonaro e Lula são também os campeões de rejeição. Disputam entre si a maioria dos votos, enquanto tentam deixar para o outro o “título” de candidato mais repudiado pelos brasileiros.

Até o momento, Bolsonaro vem liderando o quesito, reunindo a maior rejeição medida pelos institutos de pesquisa. Para além do antipetismo, há também o antibolsonarismo. Este, na visão de analistas, em movimento crescente, dado o êxodo de eleitores que ajudaram a eleger o atual presidente em 2018 e que, desde então, arrependeram-se do voto dado há quatro anos. 

Bolsonaro, por essa lógica, perdeu adeptos para a oposição, não necessariamente para o arquirrival petista. Uma fatia dos eleitores que não mostra nenhuma disposição para voltar ao campo político em que depositou sua confiança há quatro anos. E que ainda influencia outros grupos a seguir o mesmo rumo.

Faltando pouco mais de duas semanas para os brasileiros voltarem às urnas para escolher quem vai governar o país pelos próximos quatro anos, é um quadro difícil de reverter. 

Em outra escala, ainda que menor que a do inimigo político, o raciocínio também vale para Lula, detentor de índices consideráveis de rejeição. 

Está certo, portanto, quem diz que, mais que a maioria dos votos, vai chegar à Presidência (ou permanecer nela) quem conseguir ser menos rejeitado entre os dois principais oponentes.

O xadrez se move

O prefeito Álvaro Dias (PSDB) confirmou na última terça (13) o que já estava cantado desde o último fim de semana: estará no palanque de Fábio Dantas (SDD) na disputa pelo Governo do Estado. Fez, assim, um movimento relevante no tabuleiro político local. Seguidores do candidato do Solidariedade estão esperançosos de que ele seja impulsionado para o segundo turno com o apoio do prefeito natalense.

Garupa lotada

A passagem de Jair Bolsonaro em Natal, com a motociata entre Parnamirim e Natal e os comícios nas zonas Oeste e Norte da capital, impressionou pela mobilização. Pontos para os aliados do presidente no Estado, Rogério Marinho e Fábio Dantas. Esse último, estreante no palanque bolsonarista. 

Estrela solitária

A Sabatina da Fiern, a Federação das Indústrias do Estado, realizada nesta quarta (14) com os candidatos ao Senado, acabou prejudicada com as ausências de Carlos Eduardo (PDT) e Rafael Motta (PSB), dois dos principais nomes na disputa. Outro nome destacado, Rogério Marinho (PL) aproveitou para dominar praticamente sozinho o espaço oferecido pelos industriais potiguares.

Invisíveis 

Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) estão fazendo incursões por Estados do Nordeste nesta semana. É o esforço para reverter a dificuldade comum entre eles de chegar ao segundo turno. Também é comum aos dois a decisão de passar longe do RN. Não são bem-vindos pelos correligionários locais, já bem alojados no palanque do PT de Lula. 

Tudo à mostra

A Globo prepara o seu debate com os candidatos a presidente, marcado para o próximo dia 29. Reuniu anteontem os assessores dos canddiatos para definir as regras. Uma delas será novidade: quem não comparecer ficará com a cadeira vazia, mas terá as perguntas dos seus adversários expostas também, não apenas a imagem do assento desocupado. 

Prisão

Operação conjunta da Polícia Militar com o Ministério Público do Estado, prendeu o candidato a deputado a deputado federal Alex dos Santos (PSC), o Alex da Renavin. Contra ele, havia um mandado de prisão em aberto, por suposta autoria de lesões corporais, resistência e disparo de arma de fogo, desde 2020. Tido como o candidato mais rico das eleições deste ano no RN, com patrimônio pessoal declarado de R$ 80 milhões, Alex responde ainda a outros 37 processos. 

Outro lado

A assessoria de Alex da Renavin se pronunciou sobre o caso em nota oficial. Classificou a prisão de “abusiva” e destacou que recorreu da decisão judicial que levou à medida. O argumento é que o mandado relaciona-se a um processo em que ele fora absolvido. “Esse processo previa, como medida de segurança, a internação e uma avaliação que não foi feita para verificar se o mesmo (Alex) estava reestabelecido de problemas que envolviam sua saúde mental, quando foi preso por porte ilegal de armas”, afirma o advogado Fernando Pinto, representante do candidato. A nota também ressalta que Alex mantém sua candidatura.

A última do suplente

O deputado estadual Michael Diniz (SDD) apresentou nesta semana um pedido de impeachment contra a governadora Fátima Bezerra (PT). Ele alega que a petista faz um “desgoverno” no RN e cita “inúmeros motivos” para embasar seu pedido. Dos respiradores comprados pelo Consórcio Nordeste na pandemia até as escolas e hospitais “sucateados”, entra tudo na lista do parlamentar. 

Perfil parlamentar

Michael Diniz é suplente e está no exercício do mandato porque Kelps Lima pediu licença para fazer campanha para deputado federal. Vem aproveitando a chance de ser deputado para lançar teses contra a comunidade LGBTQIA+, empreender uma cruzada pela volta do aeroporto internacional a Parnamirim e, agora, empunhar a bandeira do impeachment da governadora. Michael fará nova tentativa nas urnas em outubro, desta vez para conquistar uma cadeira própria.

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