Oferecimento:
logo
Divulgação/TSE
Example news

Opinião

04/10/2022

Em defesa das pesquisas

Sim, caros leitores e leitoras, é isto mesmo: na contramão do eleitorado em geral, do segmento político e até de parte da imprensa, a coluna aqui já avisa que não vai cair no lugar comum de botar os institutos de pesquisa no cadafalso.

Não que as empresas do ramo não mereçam críticas. Muito ao contrário. Cometeram barbeiragens a perder de vista, aqui no Rio Grande do Norte e alhures. Devem, sim, explicações — e muitas — aos clientes que os contratam e ao distinto público em geral.

Não dá para aceitar, só para citar um exemplo, que os estatísticos (locais e nacionais) tenham errado de longe na projeção para a eleição de Senado. Não tanto pela vitória de Rogério Marinho (PL) em si, até apontada em alguns levantamentos, mas pelo volume de votos que ele teve, não detectado por nenhum instituto.

A eleição para presidente da República é outro caso evidente de derrapada muito fora da curva das pesquisas. A preferência do eleitorado pró-Bolsonaro foi subestimada de maneira grosseira por institutos com muitos anos de mercado, Datafolha e Ipec (originário do antigo Ibope) à frente. 

Dos 14 pontos percentuais de diferença em favor de Lula, atribuídos na véspera do pleito, as urnas terminaram com cinco pontos separando o ex do atual presidente. Em termos absolutos, o saldo entre o apontado pelas pesquisas e o resultado do primeiro turno, na disputa de Lula e Bolsonaro, é um abismo equivalente a mais de 10 milhões de votos. É muita coisa para ser ignorada.

Por outro lado — e sempre tem outro lado, diferentemente do que os radicais dizem —, não dá para demonizar as pesquisas ou apontar má-fé em suposta manipulação dos números. É simplório pensar assim. 

Mesmo porque as pesquisas também tiveram seus índices de acerto, por incrível que pareça. Na própria eleição presidencial, praticamente cravaram os índices que Lula colheu das urnas. E, por pouco, o correspondente a uma margem aproximada de 1,5 milhão de votos, o petista não garantiu a vitória já em primeiro turno, possibilidade apontada pelos maiores institutos do país.

Da mesma forma aconteceu aqui no Rio Grande do Norte, em que, descontadas as ressalvas de metodologias e históricos, todos os institutos anteciparam a reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT) em primeiro turno. 

O que acontece em todo o Brasil, e o RN não foge à regra, é que as pesquisas eleitorais são objeto de controvérsias desde que o mundo é mundo. Ora agradam, ora desagradam. Mas são sempre valorizadas, para o bem ou para o mal, dependendo do ângulo em que se olha para elas. É assim desde sempre e, já dá para adiantar, vai continuar sendo em 2024, 2026, 2028, 2030...

Evidentemente, o debate em torno delas é sempre válido. Assim como as ideias para aperfeiçoá-las e para reduzir suas margens de erro, ainda mais quando tão acentuadas como visto agora. 

No mundo ideal, as pesquisas ensejariam mesmo uma discussão séria, aprofundada e, sobretudo, desapaixonada. No mundo real, porém, as eleições não permitem o olhar distanciado. Prevalece a paixão aquecida pelo calor do momento. O que acaba por turvar as análises e, dentro da mesma analogia, jogar tudo e todos na mesma fogueira.

Videocast

Podcast