Um elemento sempre comentado em eleições voltou a dar as caras este ano. E com disposição para buscar protagonismo, em meio a uma campanha pouco empolgante (excluindo-se, por óbvio, a troca de ataques entre militantes e seus mentores).
Estamos falando do voto útil, aquele dado sem muita convicção e por interesses diversos. Dado de um lado por uns que apenas querem se livrar de voltar à urna em segundo turno. É uma espécie de primo do voto nulo e branco.
De outro lado, em situação mais comum, estão os que aderem ao voto útil para garantir mesmo a vitória de quem está à frente nas pesquisas.
Entre um grupo e outro, a discussão sobre o tema volta e meia ganha corpo. É o que acontece com mais força este ano, tanto na eleição presidencial quanto no pleito potiguar.
Nacionalmente, diante da posição favorável nas pesquisas, o ex-presidente Lula tem centrado esforços para tirar votos dos pretendentes da terceira via, Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Assim, espera assegurar já no dia 2 de outubro a sua volta ao Palácio do Planalto. Sem a necessidade de se submeter a uma nova rodada nas urnas em segundo turno.
Há também uma versão encampada pelo voto útil no plano estadual. Não na eleição para o Governo do Estado, como seria mais previsível, mas para o Senado.
Em disputa acirrada com Rogério Marinho (PL), Carlos Eduardo (PDT) vem atuando com os aliados do PT para buscar eleitores que hoje estão inclinados a votar em Rafael Motta (PSB). “Quem não vota no candidato de Lula e da governadora Fátima Bezerra, vota no candidato de Bolsonaro”, apregoa a propaganda eleitoral de Carlos Eduardo, na intenção de capitalizar os votos da esquerda potiguar.
A forte polarização que caracteriza o pleito deste ano tem gerado ainda um filhote não necessariamente inédito, mas que era pouco adotado em eleições anteriores: o voto envergonhado. Aquele que o eleitor até deposita convicto na urna, mas que não revela, para não ser questionado ou, pior, confrontado.
Os dois votos, o útil e o envergonhado, cada um a seu modo, poderão ser decisivos.
Quem conseguir casar um com o outro, agregando-os para si, então, estará muito mais perto de sagrar-se vencedor nas urnas.
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